Artesanato com palha de butiá é reconhecido como patrimônio imaterial do RS
O tradicional arte de criar artefatos com palha de butiá na região de Torres foi oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. A cerimônia de reconhecimento ocorreu no dia 17 de agosto, após um longo processo iniciado em 2003 pelo Instituto Curicaca e pelas habilidosas artesãs que possuem o conhecimento dessa prática, em colaboração com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE).
Essa forma milenar e única de trabalhar com a palha de butiá (Butia catarinensis) tem sido transmitida ao longo dos últimos 150 anos, atravessando seis gerações em famílias rurais da região. O relatório técnico elaborado pelo IPHAE, que concedeu o status de patrimônio imaterial, ressalta que a habilidade envolvida nessa arte abrange diversos significados históricos, econômicos, sociais, ecológicos, estéticos e emocionais dentro do ecossistema das florestas de butia.
A técnica consiste em utilizar as folhas secas e tratadas das palmeiras para criar tranças, que são o elemento central na produção de chapéus, bolsas e tapetes. Os chapéus, em particular, são confeccionados considerando-se o número e a espessura das folhas utilizadas. Além disso, existem outros produtos como bolsas coloridas, individuais, carteiras, cestas e tapetes, porém ainda são produzidos de forma limitada por alguns artesãos.
A pesquisa que culminou no reconhecimento dessa arte como patrimônio imaterial no Rio Grande do Sul revelou que a técnica com palha de butiá está intrinsicamente ligada à vida das mulheres na região de Torres. Desde a infância, em que aprenderam essa prática como um jogo, até a velhice, quando se tornou uma forma de terapia e preservação de boas lembranças.
No entanto, o documento do IPHAE também destaca que a transmissão desse conhecimento entre as gerações está ameaçada atualmente devido à fragilidade das florestas de butia, fonte de matéria-prima para essa arte, que estão sob risco de extinção. Para enfrentar esse problema, a proposta técnica elaborada pelo Instituto Curicaca já inclui um plano de salvaguarda com diversas ações.
As principais dificuldades para preservar essa arte incluem os perigos ambientais enfrentados pelas florestas de butia resultantes da expansão agrícola, especialmente do cultivo do tabaco e da criação de gado. Além disso, há o avanço da urbanização com novos loteamentos, condomínios e ampliação do mercado imobiliário.
Para garantir a continuidade dessa arte é essencial ter acesso à palha de butiá, o que requer a conservação do ecossistema das florestas. Também há um risco geracional considerando-se a idade avançada das atuais detentoras desse conhecimento e a escassa presença dos jovens na aprendizagem e prática da arte com palha de butiá. Por fim, o fator econômico representa um risco, com a predominância do mercado que valoriza a produção em massa em detrimento da qualidade, além da concorrência de artesanatos vindos de outras regiões comercializados em Torres.
Em suma, o reconhecimento da arte com palha de butiá como patrimônio cultural imaterial no Rio Grande do Sul é um marco importante para a região de Torres. Essa tradição se destaca não apenas por sua beleza estética, mas também pelos múltiplos significados sociais e históricos que carrega. No entanto, é necessário um esforço conjunto para preservar essa técnica única diante dos desafios ambientais, geracionais e econômicos enfrentados nos dias atuais.
Notícia: | Relatório: Patrimônio Cultural Imaterial reconhecido na região de Torres, no Rio Grande do Sul |
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Data: | 17 de agosto |
Reconhecimento: | Patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul |
Arte: | Artefatos com palha de butiá |
Instituições: | Instituto Curicaca e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) |
Tradição: | Transmitida ao longo de 150 anos em famílias rurais da região |
Técnica: | Utilização das folhas secas e tratadas das palmeiras para criar tranças |
Produtos: | Chapéus, bolsas, tapetes, entre outros |
Importância: | Significados históricos, econômicos, sociais, ecológicos, estéticos e emocionais |
Desafios: | Fragilidade das florestas de butia, expansão agrícola, urbanização e concorrência de artesanatos |
Preservação: | Plano de salvaguarda com ações para conservação do ecossistema e transmissão do conhecimento |
Com informações do site Sul21.