Dificuldades da Industrialização em Uberlândia: A História de uma Oportunidade Perdida

Dificuldades da industrialização em Uberlândia

No mês de junho de 1992, tive a oportunidade de conversar com Geraldo Migliorini, um indivíduo que possui um vasto conhecimento sobre a história empresarial da cidade. Durante nossa conversa, ele compartilhou comigo algumas informações intrigantes sobre a complicada industrialização em Uberlândia.

Segundo Migliorini, nos anos 50, três amigos – Francisco Capparelli, Geraldo Migliorini e Mário Rezende Ribeiro – que também eram empresários e membros da Câmara de Comércio costumavam se reunir na Avenida Afonso Pena para discutir ideias relacionadas aos negócios e ao desenvolvimento da cidade. Durante essas reuniões, Migliorini sempre enfatizava a importância da industrialização de Uberlândia. Em resposta a isso, Capparelli sugeriu convencer um industrialista de Franca a investir na cidade, uma vez que tinha amizades influentes lá. Essa ideia contou com o apoio de Mário Ribeiro.

Foi então que Mário propôs algo audacioso: iniciar uma siderúrgica em Uberlândia. Ele argumentou que seria promissor comprar pellets das siderúrgicas em Belo Horizonte e selecionar o ferro com base nas necessidades locais, já que se tratava de um recurso escasso na região. Todos concordaram com essa proposta e Mário sugeriu que cada um tivesse uma participação na empresa, reservando cinquenta por cento para si mesmo e dividindo o restante entre Migliorini e Capparelli.

Porém, Migliorini reconheceu a importância de contar com outro sócio para um empreendimento tão grandioso. Ele também mencionou a alta demanda por sacos de juta na época, mas a falta de fornecedores. Essa questão despertou o entusiasmo de um indivíduo chamado Adib Chueiri, que se aproximou de Migliorini após tomar conhecimento da conversa. Migliorini consultou Capparelli, que considerou a ideia positiva. Assim, os quatro entraram num acordo e compartilharam suas intenções com Adib.

Adib, que possuía boas conexões, entrou em contato com um engenheiro alemão baseado em São Paulo e especializado na venda de maquinários para siderúrgicas e fabricação de sacos de juta. O engenheiro concordou em visitar Uberlândia para avaliar as possibilidades. Durante uma reunião entre os cinco envolvidos, o engenheiro destacou duas necessidades cruciais: água e eletricidade.

Ao procurarem o prefeito José Fonseca na época, receberam a notícia desanimadora de que a quantidade de água necessária já estava sendo consumida pela cidade e duplicá-la seria extremamente difícil. A Companhia de Eletricidade Prada também foi acionada, mas seu fornecimento elétrico mal atendia às necessidades básicas da população, resultando em frequentes cortes no fornecimento.

Diante dessa situação delicada, o engenheiro sugeriu que solucionassem primeiro os problemas relacionados à água e eletricidade antes de avançarem com seus planos. José Fonseca fez algumas tentativas para aumentar a captação de água, mas não obteve sucesso suficiente. A Prada, por sua vez, permaneceu inalterada e incapaz de produzir energia adicional.

Os prefeitos seguintes, como Tubal Vilela e Afrânio Rodrigues da Cunha, também se esforçaram para resolver os problemas de abastecimento de água, mas as melhorias não foram suficientes para atender às necessidades das indústrias esperadas. Além disso, a Prada não conseguiu expandir sua produção energética conforme necessário.

O cenário permaneceu desafiador até a gestão do prefeito Renato de Freitas, quando houve a implementação da captação de água em Sucupira, seguida por expansões e outros projetos de captação durante as gestões subsequentes dos prefeitos.

Com informações do site diariodeuberlandia.com.br.