Inclusão digital de idosos esbarra na falta de acessibilidade e estereótipos
Especialistas defendem soluções acessíveis para população idosa
A falta de consideração pelas necessidades da população idosa no desenvolvimento de produtos e sistemas digitais é um problema atual, segundo especialistas. A falta de acessibilidade e a perpetuação de estereótipos são alguns dos obstáculos enfrentados pelos idosos na inclusão digital.
Stella Harris, uma guia turística aposentada, teve seu primeiro contato com a palavra “e-mail” em 2009, após uma viagem aos Estados Unidos. Desde então, ela vem tentando se adaptar às mudanças na sociedade contemporânea e se tornar cada vez mais familiarizada com o mundo digital.
Aos 76 anos, Stella testemunhou o surgimento da internet, o aumento no uso de computadores, a transição para smartphones e a popularização das redes sociais. No entanto, sua participação nessas etapas não foi natural ou intuitiva. Por ter nascido antes desses avanços tecnológicos, ela teve que se adaptar constantemente às mudanças.
Pessoas idosas podem enfrentar dificuldades significativas ao lidar com tecnologias de comunicação e informação, especialmente porque muitas delas não tiveram exposição prévia a esses dispositivos durante suas vidas. Além disso, a rápida evolução da tecnologia requer atualizações constantes e o desenvolvimento de novas habilidades que podem variar a cada mudança.
No entanto, Stella encontrou uma forma de melhorar sua interação com a tecnologia por meio da Unidade de Inclusão Digital para Pessoas Idosas na UFRGS (UNIDI). Essa unidade foi formada com o objetivo de desenvolver materiais educativos que permitam a inclusão digital desse grupo. A coordenadora do projeto, Letícia Machado, enfatiza que o objetivo não é apenas usar a tecnologia, mas mostrar como ela pode melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas.
A inclusão digital das pessoas idosas não se trata apenas de dominar a tecnologia, mas também de garantir que todos possam participar plenamente da sociedade conectada de hoje. Estar incluído digitalmente significa estar incluído socialmente, pois a internet desempenha um papel essencial em diversos aspectos da vida cotidiana, desde comunicação até serviços básicos como transporte e atendimento médico. Ter habilidades digitais é cada vez mais valorizado no mercado de trabalho e aqueles que não possuem essas habilidades podem perder oportunidades.
Johannes Doll, professor da Faculdade de Educação da UFRGS, destaca que a exclusão digital está ligada ao acesso limitado e às desigualdades sociais. No passado, adquirir um computador era algo restrito às pessoas financeiramente privilegiadas, o que afetava especialmente as pessoas idosas e as mulheres. Hoje em dia, com a popularização dos smartphones, as limitações financeiras diminuíram em certa medida. No entanto, ainda é necessário fornecer orientação sobre como utilizar adequadamente esses dispositivos.
Em suma, é fundamental investir na inclusão digital das pessoas idosas para garantir que elas possam se beneficiar plenamente das oportunidades oferecidas pelo mundo digital em constante evolução. Isso requer não apenas o acesso à tecnologia, mas também o desenvolvimento de habilidades digitais e a conscientização sobre seu potencial para melhorar a qualidade de vida.
Resumo da Notícia |
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Especialistas alertam para a falta de consideração pelas necessidades da população idosa no desenvolvimento de produtos e sistemas digitais. |
Stella Harris, uma guia turística aposentada, teve seu primeiro contato com a palavra “e-mail” em 2009 e vem se adaptando às mudanças tecnológicas desde então. |
Pessoas idosas enfrentam dificuldades ao lidar com tecnologias de comunicação e informação, devido à falta de exposição prévia e à rápida evolução da tecnologia. |
A Unidade de Inclusão Digital para Pessoas Idosas na UFRGS (UNIDI) busca desenvolver materiais educativos para promover a inclusão digital desse grupo. |
A inclusão digital das pessoas idosas é essencial para sua participação plena na sociedade conectada atual, proporcionando benefícios sociais, profissionais e de qualidade de vida. |
Johannes Doll destaca que a exclusão digital está relacionada ao acesso limitado e às desigualdades sociais, sendo necessário fornecer orientação adequada sobre o uso de dispositivos digitais. |
Investir na inclusão digital das pessoas idosas é fundamental para aproveitar as oportunidades oferecidas pelo mundo digital em constante evolução. |
Com informações do site UFRGS.